24 de março de 2009

POPCONCEITUALMINIMAL*

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POPCONCEITUALMINIMAL
2006
Fotografia (Díptico)
210 x 185 cm


Em relação à arte contemporânea, várias indagações pairam no ar de quem a admira. Bem provável que uma das mais constantes é: como definir o que é arte contemporânea? Qual estilo possui? O que há em comum entre os artistas ou às obras produzidas atualmente?
Ousamos dizer que o direcionamento das perguntas talvez esteja equivocado.
As perguntas consideram conceitos da historiografia da arte como, definição, estilo, características comuns e período.
O equívoco encontra-se em conceitos. A arte contemporânea, como os demais movimentos artísticos se relacionam, em linguagem visual (e não somente), com as pessoas que vivem em sua época. E como tais procuram estabelecer novos conceitos ou ao menos rever os anteriores e ressignificá-los.
É possível que não caibam pensamentos oriundos de mais de um século atrás .
O compasso, o ritmo do andar ideológico, ou ainda a falta dele, permitiram que novos arranjos pudessem ser orquestrados, de maneira diferente e muitas vezes, simultaneamente.
Pode ser que a arte contemporânea una posições divergentes e dissonantes até então; estilos e movimentos que se contrapunham; pensamentos que não se congruiam. Quem sabe possamos ainda verificar a revisão de conceitos tanto estilísticos quanto ideológicos. Possamos ver obras neobarrocas renascerem com características predominantemente ‘neo-neoclássicas’.
Quem sabe deixemos de lados as categorias, as etiquetas.
Quem sabe larguemos as caixinhas compartimentadas.
Quem sabe não temos mais receio de Pandora.

* A obra POPCONCEITUALMINIMAL participou do 31º SARP (Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo), ocorrido no período de 04 de agosto a 24 de setembro de 2006.

23 de março de 2009

Leda e O Mar

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Leda e o Mar
2006
sacos de sal-marinho
235 x 365 cm

Quando enviamos a obra Leda e o Mar para o 7º Salão do Mar (28 de abril a 21 de julho de 2006) de Vitória, Espírito Santo, vimos a frente uma tarefa um tanto árdua: escrever o memorial descritivo da obra. Dentro do nosso ponto de vista, a dificuldade não está na escrita - já que o encontro inicial da nossa dupla foi justamente neste patamar, o da linguagem escrita -, mas sim em falar sobre o próprio trabalho. Para o artista, no caso dois, há a dificuldade do distanciamento da própria produção. Muito mais coerente a discussão e comentários sobre a produção alheia, desde que cuidadosa e bem observada, pois o olhar retornado sobre aquilo que foi realizado está contaminado de intenção, emoção, tentativas, erros e acertos. Não é possível a ausência de contaminação à percepção da obra. Mesmo assim, fomos a frente e o resultado é o que abaixo está transcrito. Talvez tenha sido o início da intenção de fazer um blog, quem sabe aproveitem um tanto do que escrevemos e concordem (ou não) ao nosso comprometido olhar.


Leda e o Mar (detalhe da obra)
2006
sacos de sal-marinho
235 x 365 cm




Leda e o Mar
Memorial Descritivo

A nossa produção artística busca referências na história da arte, como parte integrante da nossa formação, e como presença importante na produção contemporânea da arte.
Nossa postura perante a discussão da historiografia envolve não somente a referência estética ou temática, também o questionamento da produção de diferentes períodos, como ponte de indagações para as relações do mundo atual.
A preocupação de uma dialética entre o antigo e o novo, entre os conceitos da arte já firmados e os paradigmas do pensamento atual leva-nos a reinterpretar e requalificar não somente imagética pictórica como também os mitos formadores do nosso consciente coletivo.
Leda e o Mar relaciona-se com a dicotomia social ao considerar as relações entre seres de espécies distintas, a questão do mito e a relação superlativa que possui aos homens, as ambíguas relações comerciais entre o produto e a sua marca e à essência deste produto para nossas vidas.
O sal representa parte crucial da nossa sobrevivência física. O local de sua origem, o mar, traz-nos alento, conforto, prazer e outras tantas sensações. Em ambos os sentimentos assemelham-se e remetem-nos ao inconsciente clássico nos deixado de herança.
Na obra pretende-se a possibilidade da indagação desses elementos primordiais da nossa existência: o essencial, o mar e o mito.



Texto de Anníbal e Branca

Parte do Projeto da obra Leda e o Mar