2 de outubro de 2009

Discussões sobre conceito de arte

No dia 24 de setembro, Branca, juntamente com a educadora Luciana Nobre propuseram o curso Discussões sobre conceitos de arte: o objeto, o museu e o público, que fez parte da 3ª Primavera de Museus, no Museu Lasar Segall.Neste curso foi possível discutir e mapear as mudanças no conceito de arte, pensando nos eixos históricos Arte Acadêmica, Moderna e Contemporânea e em como o objeto artístico, o museu e o expectador se articulam em cada período. Para isso as educadoras utilizaram reproduções de imagens e trechos de textos teóricos e também a experiência com o objeto artístico que se deu com obras de Lasar Segall no espaço expositivo do Museu e também com duas obras contemporâneas, “Objetos para Performance”de Luciana Nobre e “Coleção História da Arte Anníbal e Branca”.


escolha de trechos de textos e reproduções e experiência com as obras " Coleção História da Arte Anníbal e Branca" e "Objetos para Performance"

Instruções em um papelaria

Como artista contemporânea que sou, foi a papelaria para pesquisar preços de materiais. Qual foi minha surpresa e euforia ao me deparar com objetos descontextualizados dentro da papelaria. Talvez descontextualizados não seja a melhor palavra, mas em outro contexto, pois em uma prateleira, ao lado de cadernos, canetas e lapiseiras, havia um display com objetos dentro de caixas, cada um deles com instruções para um uso diferente deste objeto, como macarrão instantâneo para fazer discurso político, copo vazio para escutar uma sala vazia, pilhas para correr ladeira abaixo, castanholas para acordar um galo.
Coleção Objetos para Performance, Luciana Nobre, 2008

Estas instruções me fizeram lembrar das obras de Yoko Ono, onde apenas com instruções ela sugeria atitudes diferentes para o cotidiano.
O trabalho de Luciana Nobre, o nome da artista em questão, vai além das instruções de Yoko, pois além de pensar em objetos de outras maneiras, ela busca discutir essa relação com o público e traz a arte para um universo contemporâneo, ou seja, o próprio cotidiano, desloca o objeto do museu e junto com ele a atitude do espectador, que olha a princípio uma mercadoria que não pode ser adquirida, um objeto que tem uma sugestão de uso, mas não pode ser usado de fato, sua manipulação também só se dá através da embalagem, sua real utilização permanecerá na idéia, como as instruções da Yoko.
Ao colocar na papelaria os “Objetos para Perfomance” discute os lugares de legitimação da arte, mas busca a sua própria legitimação como objetos comuns, eles estão no limite do cotidiano e da arte, da cultura de massa e da cultura acadêmica, do museu e do mundo.