29 de maio de 2009

CURSO DE HISTÓRIA DA ARTE - ARTE MODERNA

.
MOVIMENTOS DA ARTE MODERNA: HISTÓRIA E PROCESSOS DE CRIAÇÃO
OBJETIVO: O curso será uma introdução à história da Arte Moderna e seus processos de criação, por meio das teorias dos movimentos de vanguarda e de suas propostas criativas, dando ênfase aos aspectos estéticos e psicológicos da produção desses artistas.
METODOLOGIA: O método de trabalho focará na história da arte e na teoria desses movimentos e destacará os seus principais artistas. Dinâmicas de criação, individuais e em grupos, ajudarão os alunos a compreenderem esses movimentos.
PÚBLICO ALVO: Professores, estudantes de arte, pessoas interessadas em ampliar conhecimentos em artes visuais e história da arte.
CERTIFICADO: Será conferido pela
Universidade Cruzeiro do Sul e o Grupo Labmind.
MÓDULOS: serão 4 encontros:
- O que é modernismo? As vanguardas.
- Pós-impressionismo e Expressionismo.
- Cubismo e Arte Abstrata.
- Dadaísmo e Surrealismo.
Professores:
Marcelo Maluf é Mestre em Artes Visuais e graduado em Licenciatura plena em Artes Plásticas pela Unesp, escritor e músico. Daniela Pinotti é Mestre em Artes Visuais pela Unicamp, graduada em Psicologia pela PUC/SP, psicóloga clínica e escritora.
Início: Quartas-feiras. A partir de 3 de Junho. Das 19h às 22h.
Duração: 4 semanas.
Carga horária: 12 horas.
Local do Curso:
Espaço Cultural Terracota
Avenida Lins de Vasconcelos, 1886 - São Paulo - SP.

Inscrições e outras informações pelo Tel: 2645-0549
ou e-mail:
labmind@labmind.com.br
Investimento total: R$150,00.

18 de maio de 2009

DO ADOLESCENTE AO HOMEM - um olhar sobre o trabalho de Mauro Piva

.
.
Mauro Piva. O hábito (3), 2006, óleo sobre tela, 103 x 100 cm.
.
Quem é este que não se apresenta?
Quem é este que se olha sem se ver?
Quem é este que se mantém imerso em seu próprio universo?
Juvenil, rebelde, contrariador, liberto, libertário, indomável, aprisionado, contraditório. Acima de tudo, humano.
Adolescente esquivo, traumático em seu mundo único formado por histórias auto inventadas e auto preservadas a dolorosas reminiscências.
O rebelde de Caio Fernando Abreu, o liberto de Kerouac, o romântico de Sean Penn.

Mauro Piva. Sem Título, 2006, óleo sobre tela, 64 x 84 cm.

.
Este adolescente um dia crescerá?
Um dia contará memórias?
Um dia dirá seus desejos?
Um dia se libertará do comum?
Se o fizer, é bem possível que encontre um outro par que também vela sua face ao mundo.
O que dizer desse ser enquadrado em seu plano limitado. O que podemos perceber do adolescente de Mauro Piva. Do seu modo fugidio de encarar o observador, da sua cumplicidade em momentos íntimos, de sua felicidade e agonia partilhadas.
.

Mauro Piva. Pára, 2008, Aquarela sobre Papel, 32,6 x 26,2 cm.
.
Simultaneamente é um personagem que acompanhamos em sua trajetória. Um amigo com quem dividimos suas experiências. A imagem refletida que nos apresenta a nós mesmos.
Por vezes, Piva se aproxima do pintor belga, Magritte. Seu surrealismo é pessoal e universal e o espelho que está presente pode ser para quem está na frente, mas que nem sempre quer se enxergar.

Conversas Diáfanas III

.
anníbal e branca - Como você definiria um artista plástico?
Mauro Piva - Artista Plástico é um profissional que, independente da mídia, trabalha com conceitos antes de tudo. Aí está a sua diferença para um artista decorativo ou alguém que use a arte como um hobby. O Conceito no trabalho é o que diferencia o artista plástico.
Um bom artista, independente de tentar despertar emoções, contar histórias, questionar, provocar, é um profissional que, embasado conceitualmente, cria uma obra que possa se comunicar de diferentes maneiras com diferentes pessoas, cria obras "abertas".
.
ab - O que te faz criar novas obras?
MP - A vida e a necessidade de falar das coisas que acontecem, aconteceram e acontecerão; seja comigo, com pessoas próximas, com pessoas que não conheço. Um artista, pra mim, é um editor da realidade. Ele absorve milhões de informações, idéias, sentimentos e conceitos, e devolve (de alguma maneira) ao mundo o que acha que deve, o que sente prazer em devolver, questões que acha que valem a pena serem perguntadas, etc. Mas sempre com um pouco de si.
.
ab - Como é seu processo de criação?
MP - Apesar de eu ser muito metódico, não tem muita regra. Às vezes fico "maquinando" até conseguir o que quero, outras vezes a coisa simplesmente acontece. O que eu acho mais importante, e tento fazer, é estar sempre "aberto" para o mundo. Às vezes tem tanta coisa em volta e acontecendo que a gente nem percebe. Não saio de casa sem meu caderno de esboços e uma máquina fotográfica, mesmo que esta seja a do celular. Por falar em caderno de esboços, eu tenho muitos, muitos mesmo. Trato deles com o maior carinho. Ali é o primeiro registro de quase tudo o que eu faço, só não digo que é onde tudo começa porque é na cabeça, processando os estímulos que recebo, mas é na maneira de devolvê-los, que o bicho pega.
.
ab - Você acha importante pensar no observador durante a criação de suas obras?
MP - Sim! Sem o observador a obra não acontece, ela precisa ser vista, sentida. É necessário que exista algum tipo de comunicação entre as duas partes.
.
ab - Quais obras de arte que te inspiram? Estas escolhas mudam conforme a sua produção artística?
MP - São muitas, e de tempos em tempos, percebo que estou olhando muito para alguns artistas que não olhava muito antes. Acho que tem uma relação com o momento que eu estou passando, com o que estou produzindo, pesquisando.
Existem, porém, artistas que não consigo parar de olhar, pesquisar, admirar, independente do meu momento e do que estiver produzindo. São eles: Rembrandt, Vermeer, Van Gogh, e para sair da Holanda e viajar para a nossa época, tem a Elizabeth Peyton e Julian Opie(1).
.
(1) Obras de Elizabeth Peyton e Julian Opie no final da entrevista.
.
ab - Um artista pode ser considerado como tal sem estar inserido no mercado de arte?
MP - Sim, desde que ele consiga de alguma maneira fazer o trabalho dele entrar um contato com as pessoas.
Aí, podemos pensar -"Ah, o Van Gogh morreu sem ter vendido uma única tela, sem ter exposto seus trabalhos, sem nenhum reconhecimento!”.
Realmente isso ocorreu, mas foi só quando as obras dele "entraram em contato" com o público, seja de galeristas, colecionadores, e apreciadores em geral, que ele obteve o reconhecimento que merecia.

Elizabeth Peyton. Georgia (after Stieglitz), 2006, Nanquim com água tinta, 76,2 x 55,9 cm.

Julian Opie. Leanne and Ed lift, 2008.


Julian Opie. Yayoi relaxes in the gardens, 2009.

13 de maio de 2009

Figurinhas Carimbadas

.
Idas e Vindas.
Repetições variadas.
Variações semelhantes.
Alguns pares de vezes nós - anníbal e branca – debatemos sobre a validade das repetições. Das repetições em estilos, em temas, em linguagens e, até mesmo, na repetição de obras. Nessa discussão englobamos também as produções de outros artistas, as relações entre as produções, seus temas e a proximidade que existe entre eles. Os elementos pictóricos emergidos se transmutam - de orgânicos a geométricos, ou ainda, híbridos -, e muitas vezes são apropriados com cores deveras semelhantes, o que nos assusta de tão pouco distanciamento que há. Serão tendências artístico-estilísticas, fórmulas aprovadas e garantidas ou repetições de uma mesma variante? Seriam figurinhas carimbadas?
Quanto a nós – para contradizermo-nos -, sim. Somos figurinhas que nos repetimos, nos renovamos ou, pelo menos, nos revisitamos.

Coleção História da Arte Anníbal e Branca, 2009
Políptico Fotográfico (9 painéis),
40 cm x 28 cm (cada painel) - 148 cm x 100 cm (total)

A obra Coleção História da Arte Anníbal e Branca* nasceu como grandes pôsteres, daqueles que são fixados nas paredes posteriores das bancas de jornal. Passou por mudanças estéticas, simplificadoras e dimensionais; tornou-se Presente para Yoko, onde todas as imagens couberam em uma pequena caixa de fósforo. A coleção transformou-se em delicado souvenir, uma exposição ambulante e itinerante num minúsculo compartimento (Reconhecível? Não são coincidências, são referências).
Agora, torna-se reincidente em sua expressão, retorna à parede.
Não mais como cartazes que estão a público, nem como figurinhas que foram guardadas com muito zelo para que não se perdessem. Mas sim como folhas destacadas de um álbum, como um troféu orgulhoso do preenchimento dos espaços vazios que são difíceis de completar. Quanto às figurinhas, diversão infantil, são simplificadoras nas suas definições como tantas teorias que foram tecidas para compartimentar os seus conhecimentos.

*A obra Coleção de História da Arte Anníbal e Branca participará do 8º Salão Nacional de Arte de Jataí – Goiás, que se realizará no período de 26 de maio a 28 de agosto de 2009.

7 de maio de 2009

Contém Edulcorante*, exposição de Rogério Degaki

.
Nome muito sugestivo para uma exposição em que as peças são extremamente coloridas e ao primeiro olhar sedutoras. Contudo ao acostumarmos com estas formas fantásticas, que lembram desenhos fofinhos e sedutores se apresentam simultaneamente a monstros bizarros. Então, a relação que temos com o doce artificial se faz presente.



Talvez seja por isso que é inevitável a comparação entre as peças e o nome da exposição. Talvez também seja o nosso hábito de nomear e categorizar as coisas que por vezes possa tornar a apreciação das obras um tanto quanto óbvia. Mas quem sabe não seja essa a provocação do artista, fazer-nos questionar sobre a falsidade das coisas com essa redundância que ocorre entre a nomenclatura e o objeto. A questão da artificialidade se faz presente. As coisas que são quimicamente doces, falsamente atrativas.


Bem provável que as obras de Rogério Degaki sejam forçadamente fofinhas e coloridas para pensarmos quanto o nosso mundo é falso de idéias, de opiniões, daquilo que é a princípio atrativo, porém que em seu âmago esconde o que a de mais perverso existe em nossa sociedade: a lei das aparências, a frieza do consumo, a busca incessante do novo.


O que percebemos é que as formas destas esculturas estão de alguma maneira exageradas e exaustas, elas cansaram de fingir, de ficarem em uma pose, agora simplesmente são o que são, com escorridos, surgindo de baldes, desabrochando de quadrados e virando margaridas.
Elas são o que são, basta saber o que elas serão para você.

*As obras apresentadas acima pertencem à exposição "Contém Edulcorante", de Rogério Degaki, cuja abertura ocorre no sábado dia 09 de maio na Galeria Triângulo. As imagens foram cedidas pelo próprio artista.

Conversas Diáfanas II

.
anníbal e branca - Como você definiria um artista plástico?
Rogério Degaki - Quando me perguntam o que é ser um artista plástico, respondo que é uma profissão como outra qualquer. Requer disciplina, trabalho, dedicação, etc.
O fato de lidarmos em um campo não-concreto, em que a criação não necessariamente resulte em um produto, cria uma aura romântica; a aura do artista que olha uma tela em branco e com um gesto resolve as mazelas do mundo!
O artista se utiliza de elementos abstratos como sensibilidade, criatividade, talento, etc... Mas, como já dito, como em qualquer outra profissão o trabalho não se desenvolve se não houver dedicação e persistência, ou seja, se não colocar a "mão na massa".
Para alguns de meus familiares (imigrantes que vieram "ganhar" a vida no Brasil) quando estou fazendo pesquisa ou estudando para algum trabalho novo, a percepção que possuem é que o que estou realizando não é trabalho!
A relação de sucesso com esforço é muito comum!
E isso geneticamente acaba se revelando no meu trabalho, curto o apreço pelo fazer, tanto que a "coisa" da manufatura manual faz parte da conceitualização e da minha pesquisa. O manual que parece industrial.
.
ab - O que te faz criar novas obras? Como é seu processo de criação?
RD - Sou de uma geração em que a MTV, apareceu durante minha adolescência e sua influência era inevitável, bem como o "zapping" e a velocidade de informações e imagens dos videoclipes.
Toda essa gama de imagens faz parte do meu processo de repertório aleatório de referências - uma vestimenta, um desenho, uma estampa, uma atitude -; tudo acaba sendo material para minha criação.
Da mesma forma que essas imagens chegam aos montes, a necessidade de exteriorizar isso em forma de trabalho se faz imprescindível.
Ando com um caderno de rascunho, onde faço anotações, desenhos, observações, recortes, etc. Com estas referências elaboro imagens para meus desenhos, pinturas e esculturas. Tenho notado que quando transformo meus desenhos em esculturas, o bidimensional para o tridimensional, ele se transforma e, por muitas vezes, acabo me surpreendendo com o resultado. Essa transformação tem me motivado a trabalhar cada vez mais.
Decidir um membro da escultura, o tamanho, a cor, um adereço... E como o espectador vai se relacionar com isso é muito motivador.
.
ab - Você acha importante pensar no observador durante a criação de suas obras?
RD - Sempre me importo com o espectador. A origem do trabalho que venho realizando se deve a uma discussão que tive com o Nelson Leirner em um workshop.
Ele afirmava que a arte era para uma parcela da sociedade instruída e não para todos. Discordei, pois acho que mesmo sem um grau de erudição, existem outras formas de "entrada" para uma obra de arte.
Ele me mostrou que o trabalho que vinha fazendo relacionado à História da Arte, era o trabalho mais hermético que ele conhecia, pois a imagem sem o conhecimento prévio, não fazia o trabalho.
Após uma crise, passei a pensar na estética fácil como base da conceitualização. Quando digo estética fácil penso em imagens que a princípio seduz qualquer observador, um exemplo para esta estático posso citar um trabalho da Monica Nador que conheci, o trabalho se consistia em fotos de filhotes de gatinhos - típico de calendário popular - e o apelo daquela imagem era o trabalho artístico em si.
Voltei minha pesquisa para os objetos e imagens que, no Japão, usam o termo “kawai” ou traduzido, fofinho e engraçadinho. Imagens infantis usadas para atrair atenção sejam para fins publicitários e comerciais ou para placas de sinalização de perigo. A relação do público adulto com essas imagens escapistas e caricatas é parte da proposta do meu trabalho junto ao espectador.
.
ab - Quais obras de arte que te inspiram? Estas escolhas mudam conforme a sua produção artística?
RD - Acho que hoje tenho inspiração de alguns artistas, ou na formação da minha poética, ou proximidade estética. Acredito que as escolhas mudam e estas são agregadas e descartadas conforme o passar do tempo e a direção do trabalho em si.
Já ouvi algumas vezes que meu trabalho parece com o de fulano ou o de outro. Mas como expliquei acima, sou de uma geração que é bombardeada de informações comuns e acesso fácil a elas, seria muita pretensão querer ficar imune às imagens diárias recebidas e considerar-me o único afetado por tais informações.
.
ab - Um artista pode ser considerado como tal sem estar inserido no mercado de arte?
RD - Sim.