8 de outubro de 2007

Christo I (Cristo Crucificado)



Anníbal e Branca
Caravaggio Recusado (1ª, 2ª e 3ª versões)
2006
Tríptico Fotográfico
168 x 50 cm
A Obra Christo I faz parte de uma série de dípticos e trípticos que abordam várias problemáticas da arte contemporânea. A relação objeto e título, a relação entre espectador e obra, a referência a um artista que consideramos e sua produção, a relação de passividade ao questionamento e aos cânones ditados pela historiografia da arte mundial e a relação embrulho e conteúdo.
Qual a primeira coisa a fazer ao observar uma obra de arte? Observamos, em diversas exposições, mostras, vernissages e afins; conduta semelhante entre os espectadores de tais eventos. Uma dinâmica celebrada, a observação de obra e da legenda, tornando ponto esclarecedor dessa admiração e dessa fruição entre o espectador e a obra que está sendo apresentada diante de seus olhos.


Existe uma coreografia pré-estabelecida, normatizada e reguladora de conhecimento. Essa coreografia consiste nos seguintes passos, a observação da obra e posteriormente da legenda, voltando-se á primeira para a compreensão. Ou os mais afoitos, a leitura da legenda, voltando-se á primeira para que a compreensão e fruição ocorram simultaneamente na sua observação.
Neste ponto o conhecimento e repertório do indivíduo concentram-se nas associações para o possível aproveitamento completo e totalizador. Agrave-se mais o fator do conhecimento pessoal. Se o artista é conhecido e conceituado, pertence ao domínio público cultural, já existe pontos de favorecimento ao acordo feito entre o observador e o produto final. Parece-nos que determinadas barreiras são dissolvidas e o questionamento passa a ser a capacidade interna de quem observa a compreensão do produto. Os artistas desconhecidos por sua vez tornam-se menos agraciados com essa liberdade de composição, tendo que transpor barreiras do conhecimento para se estabelecer com o observador.
Se as questões levantadas acima estão diretamente ligadas á obra e ao observador, qual o papel da embalagem na obra Christo I, apresentada no 30º SARP? A embalagem está relacionada ao conhecimento e ao conteúdo, ao consumo e a própria embalagem na relação de desejo.


Nessas relações abrimos o questionamento á sociedade de consumo em que estamos inseridos. Em nosso cotidiano, a nossa relação com as necessidades pessoais está intimamente ligada ao consumo de objetos, sejam alimentos ou obras de arte, que é intermediada através de embalagens que estão condicionados. Mesmo que estas embalagens signifiquem instituições que as condicionam e atestam sua qualidade.
Ao levantarmos tais referências entra-se em discussão a questão do marketing que envolve a aceitação e aquisição de produtos. Essas embalagens modificam-se conforme o grupo de consumidores a que estão destinados e amoldam o seu valor estético e financeiro (da embalagem) em relação ao que está sendo oferecido. Neste caso, propomos uma embalagem asséptica aos desejos costumeiros de quem busca uma fruição estética, aproxima-se do condicionamento dado aos alimentos em uma feira pública ou a objetos sem grande valor financeiro, de consumo próprio e não destinado a terceiros. Questionamos o desejo real ao objeto, sem interferência de uma linguagem direta ou subliminar ao apelo de consumo do observador.
O que em determinado instante pode parecer desvalorização das obras de arte que estão contidas no pacote torna-se ao contrário uma valorização da mesma e a motivação para a visualização direta através da transposição da embalagem mostrada.
Apresenta-se um jogo lúdico entre o observador e a obra. Remete-se aos jogos de memória infantis, onde as observações e considerações contidas em seu repertório necessitam serem vasculhadas para a apresentação da imagem e fruição artística tanto do artista referenciado como da obra apresentada, podendo também instigar o observador á investigação tanto do artista quanto da obra.
Ao apresentarmos essa obra estamos destacando a importância de três pontos fundamentais, a obra e si, o artista que se demonstra através da mesma e do observador, em um jogo contínuo de experimentação, sedução e reflexão. o de obra e da legenda, tornando ponto esclarecedor dessa adimiraçadores de tais eventos.

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